SONO E DOENÇAS PSIQUIÁTRICAS

Distúrbios do sono são sintomas comuns em muitas doenças psiquiátricas e quando não tratados também podem desencadear condições psiquiátricas, como depressão. Cerca de dois terços dos pacientes com distúrbios de sono apresentam também condições psiquiátricas associadas (as mais comuns são depressão, ansiedade e abuso de substâncias como drogas ilícitas e álcool). Ao se tratar o distúrbio do sono, a condição psiquiátrica co-existente também é atenuada, melhorando muito a qualidade de vida.

SONO E DEPRESSÃO

Depressão é um transtorno do humor caracterizado por falta de interesse nas atividades que antes eram fontes de prazer para o indivíduo. A depressão pode afetar o apetite, a concentração, a energia e a motivação. Pessoas deprimidas referem sentimentos de falta de esperança, de menos valia, e pensamentos suicidas. A maioria apresenta sintomas de insônia, que consiste na dificuldade em pegar no sono e de permanecer dormindo, no despertar precoce e no sono não reparador. Os deprimidos apresentam latência do sono (tempo para iniciar o sono) prolongada, diminuição do sono de ondas lentas (conhecido como sono profundo), latência do sono REM (tempo decorrido entre o início do sono e o início do sono REM) reduzida e aumento da proporção de sono REM durante a noite. A insônia aumenta o risco de depressão,e a depressão pode causar insônia. De todos os sintomas da depressão, a insônia é geralmente a última a responder à medicação. A falha em se tratar a insônia aumenta a chance da depressão recidivar.
Raramente, pessoas com depressão apresentam sonolência diurna excessiva. Isto ocorre principalmente em indivíduos com Transtorno afetivo sazonal, também conhecido como “Depressão de inverno”.

SONO E ABUSO DE SUBSTÂNCIAS

Pessoas que abusam de álcool e outras drogas ilícitas frequentemente apresentam problemas com o sono. Além disso, muitos indivíduos recorrem ao uso destas substâncias para conseguir dormir. Contudo, elas não são eficazes a longo prazo, podendo levar a uma série de consequências adversas, incluindo distúrbios médicos e psiquiátricos, além de problemas psico-sociais como déficit de aproveitamento escolar e no trabalho. Apesar de muitos acharem que o álcool proporciona o sono, sabe-se que ele na verdade fragmenta o mesmo, causando despertares recorrentes e uma diminuição da proporção de sono REM. As outras substâncias causam problemas similares. O uso de álcool e outras drogas ilícitas para tratar a insônia devem ser severamente desencorajados.

TRATAMENTO

As medicações que tratam depressão e ansiedade devem ser escolhidas atentamente, pois algumas delas levam ao alerta, enquanto outras dão sonolência. A terapia Cognitivo-comportamental (TCC) para tratar insônia refere-se a uma série de estratégias comportamentais que contrapõem padrões de pensamento e comportamento que causam e até agravam a insônia. Este tipo de terapia traz benefícios mais duradouros que o simples uso de medicações. Exemplos de TCC incluem técnicas de relaxamento e biofeedback. Pessoas com insônia devem também adotar hábitos e rituais que ajudam a promover uma noite de sono mais saudável, entre elas:

 Pense positivo;

 Estabeleça horários fixos para dormir e acordar;

 Relaxe antes de ir para a cama;

 Mantenha o ambiente do quarto de dormir confortável e agradável;

 Evite olhar para o relógio;

 Use a cama apenas para dormir e fazer sexo;

 Evite cochilos diurnos;

 Evite cafeína, álcool e nicotina nas 6 horas que antecedem o sono;

 Exercite-se regularmente exceto nas 3 horas que antecedem o sono.